sábado, 30 de agosto de 2008

Assalto à 13º D.P



Original x Refilmagem

Levante o dedo aí de quem está um pouco cansado da narrativa perfeitinha de Hollywood? o/ ... Bem... o que os filmes tem em comum? Apenas a essência: os policiais de um departamento de policia que acaba de ser fechado tem que se unir em armas com os detentos para ambos os lados lutarem por suas vidas, ameaçadas por uma força exterior. O que eles tem de diferente? O porquê. No filme de John Carpenter, o vilão não é uma pessoa, mas uma entidade. Uma força caótica que vai de encontro aos interesses dos protagonistas da estória (sobreviver). Não tem rosto, não tem passado, não tem um porquê. Se traduz no aspecto de uma gangue, mas poderia ser qualquer outra coisa: zumbis, animais enfurecidos, vampiros, demônios, qualquer coisa. Na refilmagem, o roteiro de James DeMonaco segue os padrões da indústria cinematográfica americana, e dá cara, passado e "porquê" para o antagonista, e transforma-o em um vilão propriamente dito, encarnado por Gabriel Byrne. O roteiro de DeMonaco também dá mais informações sobre o anti-herói Marion Bishop (Laurence Fishburne), mas com isso, o transforma em um ser mais raso. No original, o anti-herói é mais forte, tem mais presença. Nesse aspecto, podemos dizer que o roteiro de John Carpenter é menos maniqueísta que o do DeMonaco. Porém, o original é um low-budget (baixo orçamento) e o novo, dirigido por Jean-François Richet, teve um orçamento gordo e recheado, e tem, óbviamente melhor foto, som e efeitos especiais. Mas se me perguntarem qual eu mais gostei, eu diria que o do John fica um pouquinho na frente do novo.

Voltando ao assunto do vilão redondinho, com passado e porquês, lembrei agora de outro filme que me agradou justamente por quebrar esse paradigma hollywoodiano (me agradou por outros motivos também, mas esse principalmente): o que muita gente acha um lixo Cloverfield. No filme, não há sequer UMA tentativa de explicar o que diabos é aquele monstrengo horroroso do tamanho de um arranhacéu, que chega destruindo tudo em seu caminho. Não há porque não precisa. A estória não é sobre ele!!! Ele tem que estar lá, cumprir o seu papel (impor o conflito para o protagonista), e ir embora... nada mais. :)

Ps.: Outra coisa que me desagradou na refilmagem é outro vício das decupagens hollywoodianas: o filme começa com uma cena super manjada de "policial infiltrado que acaba com a morte do parceiro no parque" (quantas vezes já não vimos isso?), o que leva ele à se tornar um alcoólatra (pq sempre tem que haver um motivo para um personagem gostar da cachaça além do óbvio gosto pela birita), e termina com um GPG (Grande Plano Geral) sem sentido algum, mostrando a grande preocupação do diretor em encerrar a estória (ah, coloca uma imagem da cidade ae, fade out e os créditos). Final meio fraco viu...

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